As Últimas Viagens Dos Meus Ídolos do Rock

(Por Marcos Oliveira)

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Acho que os amigos, sabendo da minha conexão integral com todo tipo de música (bem, nem todos os tipos), vivem me mandando links de assuntos ligados ao tema.

Agora me chega um que diz que “ficar arrepiado ouvindo música significa ter um cérebro especial”. Ôpa! Isso pode ser bom ou ruim. O texto é amplo e mostra pesquisas envolvendo eletroencefalogramas em estudantes que ficam arrepiados com algumas músicas e com outros que nunca ficam. Segundo a mesma, “foi possível notar a excitação (sexual e emocional; nota minha: oba!) que os voluntários sentiam ao ouvir os melhores trechos de cada música. Os batimentos cardíacos aceleraram em todos os participantes, porém, aqueles que se arrepiaram tiveram emoções mais intensas”. Seria a comprovação de que uma boa trilha sonora nos acompanhando pode trazer, além de boas recordações, bons momentos no presente. Sempre.

E conclui a pesquisa dizendo que a reação química que o ser humano tem ao ouvir uma música emocionante é parecida com o que sentimos em outras tarefas essenciais, como comer ou fazer sexo. Por isso, o arrepio musical é chamado pelos neurocientistas de “orgasmo na pele”. Huumm… Então tem isso também…

Mas foi acidental essa introdução, uma vez que eu ia falar mesmo de música mas não essa abordagem. Bem, de alguma forma sempre tem alguma conexão. Verifiquemos.

Meu assunto é que percebi que meus jovens ídolos do Rock lá dos anos 1970 andam dizendo que estão entrando agora em sua última tour mundial. Quer dizer, nem sempre falam isso, mas nota-se. Assim como eu, aqueles jovens não são mais tão jovens. Tá chegando a hora de se aposentar. Pelo menos da vida on the road.

É bom dizer que não eram só ídolos musicais. Aos 15, 16 anos eu admirava seus cabelos, suas pulseiras, sua postura e seu sucesso com as meninas. Mas agora o tempo cobra sua fatura.

Por exemplo, o grupo inglês Whitesnake, liderado pelo outrora bonitão David Coverdale (ex-Deep Purple) se apresenta dia 02 de outubro no Metropolitan no Rio. Nome do show “Greatest Hits Tour”. Não soa como um resumo final da carreira? O grande Coverdale completa 65 anos em setembro.

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Outra querida banda, a alemã Scorpions, se apresenta no Rio no dia 10 de setembro (Pôxa! Mesma data do Festival de Jazz e Blues de Rio das Ostras!). Nome da tour: “50th Anniversary World Tour”. O que acham disso? O vocalista Klaus Meine está com 68 anos.

Vi essas duas bandas no primeiro Rock in Rio. Em 1985. Há mais de 30 anos!

Mas tem muito mais: em dezembro vem o Black Sabath em sua última tour mundial (assumida). O incrível sobrevivente Ozzy Osbourne também já completou 68 anos. Esse também vi no Rock in Rio 1.

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Enfim, diversos dos meus ídolos daqueles bons tempos e que nunca deixei de acompanhar estão sinalizando o fim das apresentações neste e nos próximos anos.Alguns chegam a dizer que encerraram as atividades mesmo no estúdio. O Pink Floyd, por exemplo, embora David Gilmour continue fazendo suas corridas diárias nos arredores de Londres.

O tempo chegou para eles, o que nesse caso (e em todos os casos) não é mau negócio, pois não sucumbiram aos anos de drogas e álcool, embora possam estar pagando o preço agora. De qualquer forma, a outra opção não era a melhor.

Na minha juventude ia a muitos shows, depois parei por diversos motivos. Acho que tá na hora de aproveitar essas últimas oportunidades. Deles e minha. Sem dramas.

Mas o fato é que, se o Paul McCartney (que eu nunca vi), por exemplo, vier ao Brasil em 2017 como já foi anunciado, é bom que eu faça um esforço para finalmente ver um dos Beatles ao vivo. Vivo. Desconfio que ele não vai vir outra vez não.

Por um tempo achei que esses feras fossem congelar no tempo. Ficar eternamente jovens, bonitos, sem perder o pique insano, sem perder a técnica musical, nem terem as vozes modificadas pelos anos. Provavelmente o que eu queria era acreditar que eu – que os acompanhava tão de perto – também não iria sofrer nenhum efeito dos anos. Melhor dizendo, das décadas.

Ok, eu ainda estou bem, 10 ou 15 anos mais jovem que muitos e eles não estão tão mal, mas o fato é que a realidade bateu no peito, como um impacto de um veloz solo de guitarra. Com a última tour desses caras eles estão avisando: “não somos eternos, cara”! Ok amigos, agora eu sei.

Valeu por mais essa lição de vida, através de suas músicas. Já aprendi que o tempo passa (e rápido) pra mim também. Mas com certeza sempre me arrepiarei ao ouvir determinadas músicas. Assim, garanto que, mesmo se chegar aos 100 anos, nunca perderei o citado e inusitado “orgasmo de pele”. Pelo menos esse. Espero que vocês também!

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3 Comments on As Últimas Viagens Dos Meus Ídolos do Rock

  1. ADORO os textos de Marcos!! Sempre descontraídos, com muita sensibilidade e com um humor na medida certa!!! Sem falar no seu grande conhecimento musical!! Parabéns!!!

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