Toca-discos: uma breve história (Parte I)

(Por Alfredo Manhães)

O toca-discos é, sem dúvida, um importante componente dos sistemas de áudio residenciais, seja ele vintage ou não. Talvez você não faça de ideia de quando e como ele surgiu no cenário da música gravada, mas fique certo de que é não é coisa tão recente assim…

Retornemos ao século XIX, mais precisamente em 1857, quando o inventor francês Édouard-Léon Scott de Martinville apresentou ao mundo sua criação denominada “phonoautographe”. O curioso dispositivo é formado por uma caneta móvel apoiada em uma membrana, que por sua vez está acoplada a um tubo. Ao se produzir uma onda sonora na extremidade aberta do tubo, por uma pessoa falando por exemplo, as vibrações no tubo chegam até a membrana que movimenta a caneta e as registra em um papel especial (modelo flatbed). Nele é possível ver as formas de onda sonora desenhadas mas não é possível ouví-las.

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O phonoautographe em sua primeira versão (1857).

Léon Scott aperfeiçoou seu invento e em 1859 apresentou um novo modelo, onde o papel fica enrolado num cilindro giratório, e uma agulha marca no papel as vibrações produzidas pela membrana acoplada ao tubo.  Aparentemente, o artefato se baseou em invenções anteriores, como o cilindro de König (1811) e o vibrógrafo de Duhamel (1845).phono01

A segunda versão (1859).

Em 1859 ele obteve o que é considerado o primeiro áudio gravado da história, um tom de 435 Hz. Na mesma época ele também registrou uma típica canção infantil francesa chamada “Au Claire De La Lune”.

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Ondas sonoras registradas em papel por Léon Scott.

 Assista o vídeo sobre Léon Scott e sua invenção, que não teve sucesso comercial e ficou esquecida por um bom tempo.

Por volta de 1877 um jovem inventor chamado Thomas Edson trabalhava em uma máquina que pudesse transcrever mensagens telegráficas em fitas de papel e que poderiam ser enviadas seguidamente pelo telégrafo sem interrupções. Ele realizou diversos experimentos, e entre eles foi desenvolvido um artefato onde um tubo acoplado a uma fina membrana acionava uma agulha móvel, e que gravava em um cilindro revestido com papel as vibrações provocadas pelas ondas sonoras que chegavam ao tubo. Esse dispositivo ficou conhecido com “Fonógrafo de Edson”.

A invenção nos remete às ideias de Léon Scott, mas não se sabe ao certo se Edison já conhecia a invenção francesa de 1877. No entanto, a semelhança entre os dois dispositivos e seus mecanismos é inegável!

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Assista uma demonstração do phonoautographe (Léon Scott) e do fonógrafo (Edison),  e compare os dois inventos.

O fonógrafo só veio a se tornar um sucesso comercial quando Charles Tainter e Alexander Graham Bell aperfeiçoaram o cilindro, que se tornou removível e passou a ser feito em cera. O mercado de gravação se expandiu e tanto Edison quanto Bell viram seus inventos atingirem ótimos patamares de vendas até que Emil Berliner, alemão radicado nos EUA, apresentou em 1888 um dispositivo que não utilizava cilindros como mídia, mas sim discos gravados feitos de goma-laca.

Surgia então o gramofone, causando grande impacto no cenário da música gravada. A partir daí o mundo não seria mais o mesmo!

Em breve a 2a parte do artigo. Até lá!

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