A Magia dos Headphones

(Por Guto Pereira)

No hobby chamado “áudio de alta fidelidade” há um nicho que muito me agrada e também cativa seguidores de todas as classes e partes do mundo, que é o dos headphones ou fones de ouvido de alta fidelidade. Sou colecionador e entusiasta desse tipo de audição, uma vez que promove maior imersão e obviamente, privacidade.

Depois do anúncio do amplificador para headphones Clonus Secret (será objeto de outra postagem) feito pelo amigo e mestre jedi Antônio “Tonhão” Cunha, achei por bem falar um pouco sobre headphones. Sei que não é um assunto que agrada a todos, pois parece ser algo “egoísta” e sem os atrativos causados por efeitos e ilusões que um sistema de caixas consegue criar. Mas já adianto que não é bem por aí! Nesse angu tem muito mais tempero e sabor do que simplesmente caroços…

Respeitando todas as praias, digo que headphones podem ser sim uma bela aquisição para um amante de música. Durante minha jornada no hobby de ouvir música, pude experimentar muitas coisas diferentes, como caixas acústicas de vários tipos, formatos e tecnologias, aparelhos variados que foram dos mais baratos e ordinários até aparelhos caros super sofisticados. Com os headphones tive a mesma sorte! Em função de tais referências, pude concluir que (obviamente com base em minha percepção e meu gosto) eles trazem uma audição muito peculiar daquilo que estamos habituados a ouvir com sonofletores. Trazem detalhes e efeitos que podemos deixar de ouvir em uma música que gostamos muito e, que por tal motivo, pensamos conhecer plenamente; só que não! Outro aspecto legal nos headphones é que eles são capazes de compensar as perdas auditivas em função de lesões e da idade de forma mais precisa do que com caixas acústicas. Temos apenas que saber respeitar os níveis de volume e o tempo de exposição para não agravar tais perdas.

Há diversos tipos de headphones no mercado. Na figura 1 podemos observá-los, classificados quanto ao aspecto construtivo adotado pelo fabricante:

headphones

Classificação de headphones – Fonte: InnerFidelity.

As características desses modelos, de forma resumida, são as seguintes:

  • Circumaural (over-ear ou around-the-ear): modelo que cobre totalmente as orelhas, com almofadas (ear pads) posicionadas ao redor delas. É bastante confortável e permite que as cápsulas ou alto-falantes sejam grandes e com boa potência.
  • Supra-aural (on-ear): modelo que é posicionado sobre as orelhas, mas não ao seu redor. É menor que o circunmural e não isola os ouvidos do ambiente por completo.
  • Intra-auricular (In-Ear-Monitor ou IEM): fone bem pequeno que utiliza um revestimento de borracha na extremidade, o que veda por completo o canal auditivo. Esse modelo normalmente apresenta ótima qualidade de áudio e reforço em baixas frequências (graves).
  • Supra-concha (small-on-ear): modelo que é posicionado sobre a concha do ouvido. É menor que o circumaural e pode causar uma certa fadiga se utilizado por muito tempo.
  • Intra-concha (ear-bud): fone muito pequeno que é posicionado na concha da orelha, e acompanha celulares e outros dispositivos portáteis. Geralmente é confortável mas como não isola o ouvido de sons externos, pode comprometer o resultado da audição de música. Outra limitação desse modelo, devido à pequena dimensão, é que há pouca massa de ar movimentada na excursão dos alto-falantes, e comprometimento na reprodução de baixas frequências

Dito isto, vamos aos termos práticos da coisa. Obviamente o motivador do uso de headphones para um indivíduo adulto é a impossibilidade de ouvir música da forma tradicional. Os jovens de hoje são o contrário disso. O normal é terem contato com o hobby através dos fones de ouvido. Os dispositivos portáteis como celulares e tablets que fazem a cabeça da molecada são otimizados para o uso de fones de ouvido. Então o mercado anda mais aquecido do que nunca para esse segmento. Já eu optei pelos fones de ouvido (no caso os de alta fidelidade) quando o meu filho nasceu. Nessa época eu já tinha um bom sistema de som convencional na sala, mas por achar que traria perturbação pra casa decidi por “guardar” as caixas e partir para os fones.

Porém acho que existam outros motivadores tão ou mais importantes que esses que citei. Penso naquele sujeito que curte música mas não tem espaço físico para ter um som bacana com caixas. Penso também que os custos em se ter um ótimo sistema de som com headphones é bem menor do que montar um sistema com caixas.

O importante é saber que não devemos comparar um segmento com o outro. Tenho amigos que desdenham dos fones. Tem fones simples e acham que para esse tipo de audição, qualquer coisa com o mínimo de qualidade basta. Respeito esse tipo de opinião, mas não concordo nem um pouco. Estou certo que ambos  tem seus méritos, defeitos e valores. Acabam no clichê básico de qualquer casal, um complementa o outro.

Um headphone de boa qualidade custa relativamente caro. Talvez mais caro do que a coerência pessoal de muitos permita pagar. Só que é uma fração do preço de uma boa caixa, por exemplo. Hoje conseguimos ter bons resultados gastando pouco. Bons fabricantes de headphones se uniram e ampliando seus portfólios e consequentemente trazendo bons fones para todos os gostos e bolsos.

A Harman, por exemplo, está com uma linha imensa de headphones, alguns excelentes e com ótimos preços. Eles tem em seu grupo empresas conceituadas na fabricação de headphones, no caso a AKG e a JBL. Um modelo da AKG que surpreende muito pelo valor e pelo som é o K518LE. Paguei por volta de R$ 80,00 numa promoção da internet e confesso que fiquei impressionado com a qualidade do fone. O único problema dele, em minha opinião, é que por ser um fone construído para DJs, ele tem uma fixação forte na cabeça, apertando e incomodando quando usamos por muito tempo. Eu compreendo que isso não seja um defeito, pois um DJ se mexe muito durante seu trabalho, e um fone sem esse “aperto” ficaria caindo da cabeça e atrapalhando o sujeito.

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AKG K518LE

Outro fone que tem esse fator “WOW!!!” e custa relativamente pouco é o Philips Fidelio M1. Outro dia num site de ofertas da internet ele estava numa promoção por R$ 119,00. Baita fone pra quem quer começar a brincar. Muito bem construído e com sonoridade muito interessante pelo valor. Ambos os headphones que comentei acima são supra-aurais, ou seja, seus ear pads (almofadas) apoiam na orelha.

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Philips Fidelio M1

Já os Fones circumaurais geralmente são mais caros, salvo um que todos gostam, mas que eu ainda não me arrisquei em ouvir ou ter: é o Superlux HD681, uma cópia mais que descarada do famoso e conceituado AKG K240, que ainda é um dos fones mais utilizados para monitoração e retorno em estúdios de gravação. Um amigo que é expert em headphones e por acaso tem um blog e um fórum nacional voltado apenas para esse nicho já testou a criatura e o aprovou com louvor! O site em questão é o Mind The Headphone, e seu criador e meu amigo é o Leonardo Drummond. A avaliação que ele fez é bem interessante (para ler clique aqui) e esclarece de forma imparcial que o headphone, independente de cópia ou de ser barato, pode sim ser uma bela opção para todos. É essa criatura aqui…

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Superlux HD681

Há headphones para todos os gostos e bolsos. Em outros artigos exploraremos com profundidade mais aspectos deste tema.

Grande abraço!cropped-speaker.jpg

2 Comments on A Magia dos Headphones

  1. Ótima abordagem sobre o tema exposto. Confesso que esse assunto estava longe do meu entendimento e agora ficou muito mais interessante. Tenho um fonética Philips circumaural e gosto muito dele, mas esse texto me faz perceber que fones de ouvido são muito mais do que eu imaginava. Parabéns ao site e ao texto excelente.

    • Olá Dirceu! Sem dúvida o universo dos headphones é bem amplo e há inúmeras opções de modelos com ótimo custo/benefício. Abraços!

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