Pessoal,
Faz algum tempo produzi um pré-amplificador valvulado para um grande amigo do trabalho, e o batizei de Little Dude, em homenagem ao neto dele, Luca, que estava por nascer. O trabalho foi reportado aqui na SomShow (http://somshow.com.br/projetos-diy/preamplicador-de-fono-valvulado/).
Desde então o pequeno Luca nasceu e cresceu (bastante), ou seja, de “little” não tem mais nada… E nosso amigo ficou bastante contente com seu pré. O conjunto excitado por ele era composto de um par de caixas KEF e um amplificador Quad 99. Muito bom, mas sem prejuízo à alta qualidade desses expoentes da década de 70, chegamos à conclusão que poderíamos incrementar o conjunto, com transdutores mais modernos e amplificação, digamos, mais “compatível” com as modernas mídias digitais de altíssima fidelidade, sem deixarmos de lado a reprodução dos agradáveis vinis de sua coleção.
Como ele viaja frequentemente aos EUA, pode trazer materiais necessários para a confecção das caixas e do amplificador, pois não se encontram, infelizmente, entre outras coisas, transdutores dessa qualidade à venda no varejo brasileiro. Bolei então um conjunto de crossover ativo, amplificador e caixas que pudessem, pelo menos, fazer frente à qualidade do conjunto antigo.
A primeira etapa foi a do projeto e da confecção dos sonofletores: não poderiam ser muito grandes, mas teriam que reproduzir bem as baixas frequências. Nosso amigo já tinha experiência prévia dos benefícios do uso de bi-amplificação, pois colaborou neste outro projeto: http://somshow.com.br/projetos-diy/upgrade-diy-em-sistema-de-audio/.
Assim, resolvemos seguir a mesma linha e projetei então um par de caixas de duas vias, para uso em bi-amplificação com crossovers ativos. Utilizei woofers Audax de 6,5 polegadas (https://en.toutlehautparleur.com/media/catalog/product/datasheet/audax/HM170Z0-8.pdf) e tweeters Seas (http://www.seas.no/images/stories/prestige/pdfdatasheet/H1499_27TBCD_GB-DXT_Datasheet.pdf).
O midwoofer tem boa resposta e cone extremamente leve, utilizando um material patenteado pela Audax, chamado Aerogel. O tweeter, com câmara traseira e um pequeno horn, reproduz bem frequências mais baixas e tem baixa diretividade. As sensibilidades são próximas e nos permitiu um conjunto bem eficiente.
O conjunto refletor de graves foi projetado para apresentar um f-3 em torno de 40Hz com um volume interno em torno de 22l. Os gabinetes foram construídos em formato torre, com compensado de 18mm, travamento interno e forrados com placas anti-ruído. Ficaram pesados… e fortes, então, batizamos as caixas de Luca…
Feito isso, passamos ao projeto do crossover e do amplificador. Resolvi colocar ambos em um gabinete só, economizando espaço e diminuindo os cabos e fios externos que seriam necessários para unidades isoladas. Como no projeto anterior de upgrade e tendo em vista que nosso amigo gostou muito da qualidade sonora, resolvi utilizar amplificadores do tipo “composite”, baseados em um artigo do Scott Wurcer e outros, cujo princípio de funcionamento pode ser visto aqui: https://www.diyaudio.com/forums/chip-amps/197384-composite-amplifiers.html.
Da outra vez adquiri as placas de um colega do DIYAudio do Canadá, mas o preço era meio salgado… assim, resolvi fazer as minhas e modificar um pouco o projeto do composite. Como a preguiça bateu, resolvi também mandar confeccionar as placas dos amplificadores e do crossover, o que agregou alguns meses de atraso ao projeto, mas ao final a qualidade e o acabamento compensaram.
Cada amplificador com fonte estabilizada de 32VCC simétrica entregou, antes do ceifamento em 8 ohms aproximadamente 45 watts eficazes.
Ajustar a compensação para que o composite ficasse estável deu bastante trabalho, mas o resultado compensa, e muito. O crossover foi montado com componentes casados em valores e capacitores de polipropileno nos caminhos de sinal. O corte ficou em 2200Hz, a 12dB/8a de atenuação. Para a montagem final do conjunto utilizei um gabinete da mesma linha do do pré de fono, mas mais profundo, de forma a acomodar todas as placas, transformador de força e outros circuitos auxiliares. Coloquei circuito de proteção contra DC na saída e temporização, adquiridos prontos.
Novamente, visto o tamanho do guri agora, e em homenagem a ele, batizei o amplificador de Big Dude, o que casou bem com a diferença de profundidade dos gabinetes. A fonte ficou com aproximadamente 30mF de filtragem por malha de alimentação DC.
Montado o conjunto e realizados os primeiros testes, chegou a hora da preparação dos painéis. Como já tinha feito as placas de identificação das caixas com cobre, sugeri que os painéis dianteiros do amplificador e do pré fossem feitos do mesmo material.
Deu um trabalho do cão lixar e fazer a serigrafia, mas o acabamento ficou ótimo. Passei cinco camadas de verniz automotivo incolor, fosco, para acabamento e proteção contra umidade.
Ao final, temos um conjunto de linhas bonitas e design simples.
Quanto à qualidade, os resultados objetivos não são muito diferentes daqueles obtidos no projeto anterior, mas, apenas para ilustrar, seguem algumas medições feitas na bancada de testes:
RESPOSTA EM FREQUÊNCIA DO CROSSOVER+AMPLIFICADOR COMPOSITE
DISTORÇÃO HARMÔNICA E SNR – SEÇÃO PASSABAIXAS – 1kHz/8 ohms/20w
DISTORÇÃO HARMÔNICA E SNR – SEÇÃO PASSA ALTAS – 5kHz/8 OHMS/20w
DISTORÇÃO POR INTERMODULAÇÃO CCIF – 8 ohms/10w
Abaixo temos uma foto dos equipamentos em seu local definitivo, sendo alimentados pelo excelente condicionador de rede elétrica da AAT, de nosso amigo João Yazbek. A avaliação final coube ao Ariosto, avô do Luca e que pode, agora, curtir seus vinis e a lembrança do neto, em seu novo “setup”. Ao que me consta está bastante satisfeito e percebe um ganho significativo de qualidade, tanto nos vinis quanto nos CDs.
Forte abraço!
Excelente artigo! passei a acompanhar praticamente todos deste site, principalmente os “DIY”.
Gostaria de saber quais cabos os amigos utilizam na parte interna dos equipamentos, para energia e para sinal (linha). Gostaria de substituir o cabeamento meus equipamentos por de melhor qualidade.
Agradeço pelos comentários.
abs,